Charles Darwin dizia que as espécies evoluem para se adaptarem ao ambiente. No mundo dos supercarros, a Ferrari acaba de provar que a teoria vale também para Maranello. A novíssima Ferrari F80 rompe a tradição do V12 para inaugurar uma nova era com seu V6 biturbo 2.9, auxiliado por três módulos elétricos. Uma revolução que redefine a linhagem dos modelos mais exclusivos da marca.
A F80 sucede diretamente a fantástica LaFerrari, continuando uma casta que nasceu há exatos 40 anos com a lendária 288 GTO. Para lembrar: a 288 trazia um V8 biturbo de 400 cv em 1984; em 1987, a F40 elevou a potência para 484 cv. Depois, veio a mudança para o V12, presente na F50, Enzo e LaFerrari. Mas após as experiências eletrificadas com LaFerrari, SF90 e 296, a Ferrari decidiu aposentar gradualmente o V12, por mais doloroso que seja para os puristas.
A nova configuração impressiona: o V6 2.9 biturbo entrega 900 cv sozinho, superando até o V12 6.0 da LaFerrari, que atingia 800 cv (ou 963 cv momentaneamente com o sistema KERS). Combinado aos dois motores elétricos dianteiros e um terceiro módulo elétrico traseiro, a potência máxima da F80 chega a insanos 1.200 cv, gerenciados por um câmbio de dupla embreagem com oito marchas.
A performance é de outro planeta: 0 a 100 km/h em apenas 2,8 segundos, 0 a 200 km/h em 5,75 segundos, e velocidade máxima de 350 km/h. Tudo isso resultado de intensa lapidação aerodinâmica, com linhas que remetem a clássicos como a 330P e soluções como portas que se abrem como na LaFerrari e Enzo.
O design funcional se completa com um aerofólio traseiro que se ergue sob demanda, gerando até 1 tonelada de downforce a 250 km/h, mantendo a F80 colada ao asfalto. Vista de perfil, suas formas deixam claro que cada detalhe foi pensado para cortar o ar com eficiência extrema.
Por dentro, o ambiente respira competição: volante multifuncional com manettino, botão de partida responsivo na base do miolo e um console minimalista, com apenas os comandos essenciais, remetendo às clássicas grelhas manuais da marca. O banco do motorista, tipo concha, é revestido em veludo vermelho, enquanto o passageiro vai em um assento mais simples e recuado, priorizando o equilíbrio do conjunto.
A Ferrari F80 entrega o que promete: um conjunto mecânico moderno, brutalmente potente e envolvente, que vai muito além das expectativas de qualquer entusiasta, mesmo que alguns puristas ainda lamentem a despedida do icônico V12.
Este texto é uma adaptação fiel do artigo publicado na Revista Avantgarde, edição 17, um tributo à informação de qualidade e à paixão por supercarros.